Maratón de Santiago - Chile - 2/4/2017

Correndo nas alturas!

Das maratonas realizadas na América do Sul, após pesquisar na internet, percebi que as opiniões foram unânimes ao considerar que a Maratón de Santiago, no Chile, era a melhor. Entenda-se melhor no sentido de organização, da quantidade de participantes - para 2017 estavam previstos 30 mil e, principalmente, pela participação do público, pois é considerada a maior festa esportiva chilena. Decidi participar.

Na conexão do voo, em São Paulo, já ficaram visíveis os primeiros sinais da maratona: vários corredores embarcando; alguns em grupos de corridas, outros individuais; alguns casais, outros solteiros; alguns com roupas esportivas, outros não... enfim, todos já em “ritmo de corrida”, projetando o ambiente para o dia da prova: clima, temperatura, etc.

Na véspera da prova, na retirada do kit, pude constatar como é grande a participação de atletas brasileiros em maratonas internacionais! De 30 mil inscritos para as três provas: maratona, meia e 10 km, 3 mil eram brasileiros, ou seja, 10%! Para cada lado que eu olhava era possível visualizar algum. Identificá-los não era muito difícil: roupas típicas de academias, blusas ou camisas com as bandeiras do Brasil ou dos respectivos estados. Além disso, quando não era possível a identificação visual, eram facilmente identificados pela audição: vozes altas, muitas gargalhadas, etc.

No dia da prova, saí, ainda escuro, para pegar o metro (metrô, em espanhol, pronuncia-se metro, ou seja, o mesmo som da nossa medida de comprimento), em direção a estação Palacio de la Moneda, local onde seria a largada. Como estava hospedado no bairro Providencia, o percurso em si não era tão distante, mas, para quem não conhecia muito bem a cidade e com a maratona com horário marcado, era melhor prevenir do que remediar.

Ainda em direção a estação do metrô, conheci um casal chileno, Pedro e Soledad, os quais tinham vindo de uma cidade do interior, para ele participar da corrida. Embarcamos e fomos conversando, em portunhol, a famosa mistura do português com espanhol, até a parada final.

Respeito às regras

Antes do início da corrida, um detalhe que chamou minha atenção foi o respeito às regras por parte dos corredores, em relação ao acesso às divisões por pace, ou seja, o ritmo médio de corrida calculado em minutos por km. Um dos objetivos dessas divisões é evitar que corredores lentos entrem e fiquem posicionados juntos ou, até mesmo, à frente, de corredores mais velozes - fato comum no Brasil.

As divisões tinham intervalos de 30 segundos, ou seja, quem tinha previsão de concluir a prova em 3h30min, acessava o portão de 5'00'', quem tinha previsão de concluir em 3h51min, acessava o portão de 5'30'', por exemplo. No meu caso, procurei ser consciente e acessei aquele que indicava 6'00'', pois a minha previsão era concluir a maratona em 4h12min.

Como a prova foi no dia 2 de abril, assim como no Brasil, no Chile também é outono, no entanto lá, nesta época do ano, as temperaturas já estão baixas, principalmente, em relação ao nordeste brasileiro. Às 6h, horário da largada, segundo os nativos, estava em torno de 9 graus.

Detalhes e apoio

Na largada, os gritos de Chi-chi-le-le incentivando mais de 30 mil corredores, são de arrepiar!

A organização da corrida realmente é muito boa, com postos de hidratação a cada 3 km, com água, frutas, isotônicos, etc. Nada a reclamar, pelo contrário, só a elogiar.

Além disso, dois detalhes, muito peculiares chamaram minha atenção: o primeiro, foi a grande quantidade de cachorros “participando” da maratona. Eles, literalmente, correm juntos com os atletas. Sério! São vários e de raças grandes! O interessante é que, como eles correm em linha reta, não atrapalham em nada; o segundo, foi a grande interação das famílias com os corredores.

Esta interação ficou bastante evidenciada a partir do km 30, onde, além dos adultos incentivarem os participantes com gritos de “Arriba! Arriba!”, as crianças, na faixa de 3 a 6 anos, estendiam seus pequenos braços para que tocássemos em suas mãos.

Não sei se foi uma estratégia, ou não, da organização estarem posicionados juntamente na reta final da corrida, mas foi algo bastante positivo e emocionante!

Altimetria

Em relação à altimetria, ou seja, a diferença de níveis no percurso, conforme gráfico abaixo, perceba que a elevação vai aumentando até chegar o auge, no km 33, com quase 700 metros acima do nível do mar. Só para ter uma noção da altitude, Salvador está a apenas a 8 metros. Além disso, a partir do km 34, o desgaste foi bem maior porque, literalmente, "descemos ladeira abaixo", até o final da corrida.

 

altimetria

Cheguei, cansado, mas cheguei, na Plaza de la Ciudadanía, local da chegada.

Ah! E feliz por ter concluído minha segunda maratona internacional.

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Conquista da segunda medalha internacional - Foto: Soledad/Chile