Finanças

Para quem pretende realizar uma viagem ao redor do mundo, qual é a melhor forma de levar dinheiro? Dólares? Euros? Cartão pré-pago - travel card? Cartões de crédito ou de débito internacionais?

Planejamento financeiro & câmbio

Quando paramos para analisar as alternativas para transportar e utilizar os recursos financeiros durante a viagem, obviamente, surgiram algumas dúvidas. 

Para quem vai viajar apenas para um país da Europa, por exemplo, a questão é muito simples: basta comprar euros e viajar tranquilamente. Mas, no nosso caso, a situação é um "pouco" mais complexa, pois, pretendemos passar por vários países. 

Após pesquisarmos sobre o assunto, constatamos que, tanto os especialistas, como os viajantes que já realizaram este tipo de viagem, tem opiniões semelhantes em relação as principais formas de levar dinheiro.

Para eles, as melhores alternativas, são as seguintes:

Dinheiro em espécie

Esta opção é a mais em conta e usada pelos brasileiros, mesmo com o aumento para 1,1%, da taxa do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF, a partir de maio de 2016, ainda assim, o valor para compra de moedas é menor que as operações de câmbio e crédito.

A dica é saber comprar, ou seja, para garantir uma boa taxa, deve-se realizar a compra das moedas aos poucos até a data da viagem, pois, assim, é possível ganhar na taxa média e diluir os efeitos da variação da moeda. 

O maior problema é a segurança, ainda mais no nosso caso que a viagem será muito longa, ou seja, teríamos que levar um cofre no motorhome. Nem pensar, não é? De qualquer forma, é necessário ter uma reserva, guardada com segurança, é claro, para ser utilizada em pagamentos à vista, como, por exemplo, de vistos ou, até mesmo, em caso de falha dos cartões.

Cartão pré-pago (travel card)

Este tipo de cartão é muito prático, pois funciona como um cartão de débito normal - com chip e senha. Normalmente tem bandeiras Visa ou Mastercard, são recarregados pela internet e podem incluir mais de uma moeda no mesmo cartão, o que será ótimo para nós que pretendemos passar por vários países. Além disso, permitem, também, pagar as contas no débito, no exterior, sem pagar taxas e, em caso de roubo, furto ou perda, pode ser reposto em até 72 horas, recuperando o valor que havia nele.

As desvantagens são os pagamentos de taxas para saques em caixas eletrônicos e, por inatividade, referente ao tempo em que não usarmos o cartão.

Cartão de crédito internacional

Sendo bem controlado, é uma excelente opção, pois permitirá que o viajante pague as contas posteriormente, aproveitando, ainda, a possível desvalorização da moeda estrangeira até a data de pagamento da fatura. Além de ser uma opção segura, pode ter uma taxa mais vantajosa do que os cartões pré-pagos, mesmo com o IOF de 6,38%.

As desvantagens são a reposição que pode ser demorada em caso de perda, furto ou roubo, o limite que poderá ser baixo, além da taxa da moeda que poderá variar, tanto para menos, quanto para mais, até o fechamento da fatura.

Cartão de débito internacional

O cartão de débito é menos arriscado do que o de crédito, já que o viajante já paga a transação da moeda no dia da compra e, não, posteriormente. Também é bom para quem vai planejar os gastos acompanhando as taxas de câmbio, além de ser uma opção mais segura do que o dinheiro em espécie. 

Apesar do IOF ser mais alto, pode ser também negociado com o seu banco. Em casos de perda, furto ou roubo poderá ser demorada a reposição, além disso, a taxa de saque, em moeda internacional, pode ser bem salgada, até maior do que a do cartão pré-pago.

Abrir uma conta no exterior

Pode ser que isso nem tenha passado pela sua cabeça, mas é mais uma opção. O Banco do Brasil e o HSBC permitem a abertura de contas no exterior e, assim, é possível fugir de taxas e do IOF alto. O cartão emitido pode ser usado em saques e pagamentos em qualquer lugar do mundo, além de haver a chance de transferir dinheiro pelo internet banking.

Transferência de dinheiro 

Esta é a menos conhecida de todas, mas pode ser muito prática dependendo da situação. Empresas como a Western Union (clique aqui) permitem que seja feito um “auto-envio” para a própria pessoa retirar no país de destino. Não é necessário levar o dinheiro, pode usar a remessa como um depósito, visto que poderá ser retirado ao longo da viagem. Também é a melhor opção de receber dinheiro em casos de emergências, pois, o recebimento fica disponível em minutos, em mais de 200 países.

A desvantagem desse tipo de serviço é que nem sempre será possível encontrar uma agência perto para retirar o dinheiro, o que poderá tomar  um pouco de tempo e, de paciência. O ideal é ir preparado, sabendo onde estão as agências.

Se resumirmos as alternativas, teremos as seguintes comparações:

Dinheiro em espécie

Vantagens: Menor IOF - Desvantagens: Insegurança

Cartão de Crédito

Vantagens: Acumular milhas aéreas - Desvantagens: Oscilação cambial

Cartão de Débito

Vantagens: Menor incerteza cambial - Desvantagens: Taxas de saques e não acumular milhas aéreas

Cartão pré-pago

Vantagens: Segurança e facilidade de uso - Desvantagens: Taxas de saque

Enfim, em se tratando de finanças, o ideal é sempre termos mais de uma carta "na manga", ou no "bolso", quando formos para o exterior. Como comentamos anteriormente, é bom levar uma reserva de dinheiro em espécie para gastos excepcionais e, algum cartão, destinado aos imprevistos ou emergências, sem esquecer, é claro, de desbloqueá-lo, com antecência, antes de sair do país.

Como lidar com tantas moedas?

No caso dos cartões de crédito ou de débito, usaremos e aguardaremos a conversão que será feita pelo banco. Já no caso do travel card será diferente, ou seja, enquanto estivermos na Europa iremos carregá-lo com euros. O problema é quando sairmos de lá e formos para países com moedas diferentes: o sistema converterá a moeda do travel card para a moeda de determinado país. Isto significa pagar duas conversões, uma para comprar a moeda do travel card e, outra, para gastar, ou seja, acabaremos perdendo duas vezes. Mas não teremos como evitar isso.

É claro que poderemos usar os travel cards e os cartões do banco para sacar dinheiro na moeda local do país em que estivermos, em qualquer caixa eletrônico, desde que aceite a bandeira. Só que, neste caso, agora iremos pagar duas taxas, ou seja, uma, do uso do cartão e, outra, do uso do caixa eletrônico. Nesse caso, com todo o cuidado, será interessante sacar o limite máximo permitido pelo caixa, para diluir essa taxa no valor sacado. Mas, mesmo que na teoria seja possível sacar na maioria dos caixas eletrônicos, será importante levarmos dinheiro em espécie - dólares, de preferência, para trocar nas casas de câmbio.

Quando sairmos da Europa, é interessante projetarmos uma despesa estimada, muito próxima daquela a ser realizada, para cada país que iremos visitar, para evitarmos saques desnecessários. Caso contrário, teríamos duas opções. Uma péssima e, outra, pior ainda. A primeira, seria trocar as notas que sobraram no próximo país - perdendo mais dinheiro e, a segunda, quando acabar a viagem, teríamos uma montanha de notas "exóticas", praticamente, sem valor.

Outro detalhe importante, é a troca do dinheiro. É preciso paciência e evitar trocar na primeira casa de câmbio que encontrar, pois, a tendência é que a cotação seja maior. Além disso, teremos que ficar atento as taxas extras, pois, às vezes, a cotação até está interessante, mas as taxas tornam a operação desfavorável.